Não faz muito tempo e me encontrei em uma calorosa discussão sobre a diferença entre o termo “vintage” e seu aparente sinônimo “retrô”. Uso a palavra aparente porque, ao contrário de meu adversário de debate, não considero os dois iguais em significado. Enquanto o segundo sugere algo antigo que está sendo relançado no presente, o primeiro nos remete a um produto original que bebe da mesma fonte que outros sucessos do passado. Por isso um possui uma conotação pejorativa, que levanta um sentimento de anacronismo, enquanto o outro é rapidamente associado a um estilo de vida pessoal.
Tendo isso em mente, ninguém no mundo da música utiliza o termo com tanta propriedade do que essa recém formada banda californiana. Ao ouvir a primeira faixa do álbum de estréia de Vintage Trouble, a sensacional Blues Hand me Down, é praticamente impossível não identificar as influências de bandas imortais dos anos 70 como Led Zeppelin e de ícones do soul americano como James Brown. Mas Vintage Trouble vai além de simplesmente emular um estilo cultuado do passado. Eles modernizam o mesmo, transformando o soul e o funk em um gênero revigorado, pronto para o universo pop atual.
Muitos jovens de hoje desconhecem a força e a influência que o movimento soul teve sobre a música contemporânea. E sim, eu sei o quanto essa frase me faz soar velho, ou, na falta de uma palavra melhor, “retrô”. Nomes como Otis Redding e Sam Cooke, que brindaram o mundo com melodias inesquecíveis e que permanecem relevantes e atuais até os dias de hoje. E, a cada nova faixa, o espírito desses nomes se fazem presentes e acenam sua cabeça em um claro sinal de aprovação incondicional.
Para a nossa infelicidade, The Bomb Shelter Sessions ainda não está disponível para o público brasileiro. Quem quiser conferir o trabalho desse novo grupo, vai precisar fazer um garimpo na internet. Mas para aqueles que não temem o trabalho duro, a recompensa é gratificante. Abaixo, fiquem com a já mencionada Blues Hand me Down.