Of Monsters and Men – My Head is an Animal

O que um grupo proveniente da Islândia pode oferecer ao universo fonográfico alternativo? Esperava-se qualquer coisa desse enigma, menos o que se escuta em My Head is an Animal, álbum de estréia dessa banda que ainda vai dar muito o que falar. É difícil acreditar que, de um lugar tão gelado e remoto, poderia surgir músicos tão calorosos, divertidos e com uma facilidade singular para elaborar melodias deliciosas.

Nascida em 2009 graças aos esforços da vocalista Nanna Bryndís Hilmarsdóttir e seu parceiro Ragnar Þorhallsson – que, por motivos óbvios, ganham os nomes de Nanna e Raggi no resto dessa crítica – a banda ganhou um concorrido festival musical de seu país, conhecido como Músíktilraunir (não me peçam para pronunciá-lo). Daí para a assinatura com uma gravadora local não demorou muito.

O resultado dessa união foi o difundido single Little Talks, que em pouco tempo ganhou os ouvidos de milhares de pessoas quando tocou em uma rádio local de Filadélfia. A resposta foi tão positiva que My Head is an Animal, que já fora lançado na Islândia em setembro do ano passado, ganhou distribuição mundial e estréia hoje no mercado internacional.

Tanto sucesso não é despropositado. Of Monsters and Men representa tudo o que o mercado independente tem de melhor para oferecer para o grande público. A começar pelo já mencionado Little Talks, uma canção repleta de elementos pops, como gritinhos de “hey”, palminhas e deliciosos metais. Dirty Paws, música que abre o álbum, começa de forma lenta, com um solitário violão, mas logo ganha dimensão até alcançar proporções épicas em seu refrão instrumental.

A forma coesa como a voz de Nanna e Raggi se complementam fica evidente em músicas como a divertida King and Lionheart, uma clara referência do folk rock praticado pelo Mumford and Sons, e a sentimental Slow and Steady. Mas as pérolas não param por aí. É uma árdua tarefa encontrar alguma faixa de qualidade questionável em My Head is an Animal. Durante as treze canções que compõem esse excelente álbum, o que se ouve é consistência pura.

Costuma-se dizer que uma banda é tão boa quanto seu trabalho de estreia. É nele que ela revela toda a sua alma, sem influências externas ou exigências de um mercado canibalístico. Se um grupo não consegue se destacar em seu primeiro lançamento, dificilmente o fará nas obras seguintes. Sob esse aspecto, Of Monsters and Men não tem o que temer. Além de demonstrar um talento invejável, revela uma alma pura que tem muito a oferecer aos sedentos pela boa música.

Abaixo, fiquem com o single Little Talks.