Música da Semana – Low

LowCom 20 anos desde sua formação inicial, Low é uma banda com uma vasta bagagem e pouco reconhecimento. Eles não fazem músicas pulsantes para tocar em rádio ou estourar nas danceterias mais badaladas. Seu estilo minimalista não encontra mercado na indústria atual. Mas isso nunca desanimou a banda que lança em 2013 seu décimo CD, o ótimo The Invisible Way, cujo single So Blue pode ser escutado no vídeo abaixo.

 

Música da Semana – Satellite

SatelliteFoi durante um encontro casual entre os amigos Steven McMorran e Mitch Allan, em que se propuseram a compor algumas músicas sem nenhum compromisso, que nasceu, em 2010, a banda americana Satellite. O resultado desse encontro musical foi tão produtivo que a dupla resolveu chamar o guitarrista Josh Dunahoo e o baterista Justin Glasco para colocar melodia nas letras composta pelos dois. O resultado foi o EP Ring the Bells, com o antológico hino Say the Words, que pode ser escutado abaixo.

Apontado por muitos como uma mistura de Bruce Springsteen e Snow Patrol, o grupo conquistou uma fiel legião de fãs e começou a se apresentar em alguns aclamados festivais locais. Em 2011, foi apontado pelo LA Examiner com uma das 20 bandas mais promissoras do ano. Nesse mesmo período, sai o baterista Justin Glasco para a entrada do baixista Erik Kertes, fazendo com que a banda alterasse um pouco sua configuração.

O ano de 2013 marca o lançamento do primeiro CD de Satellite, intitulado Calling Birds, com previsão de lançamento para o dia 5 de março. O novo single Brooklyn também pode ser ouvido abaixo.

Em uma entrevista, Steven McMorran declarou que sonha em compor músicas que falem diretamente com seus ouvintes, tornando-se uma voz de alegria, desilusão, beleza e verdade. É um objetivo ambicioso, mas acho que o grupo está caminhando na direção certa.

 

Amor

AmourMichael Haneke não é um diretor fácil. Adepto ao estilo da câmera estática, planos prolongados e cenas expositivas, ele não é um cineasta de veia comercial. Por outro lado, não se pode acusa-lo de não ser relevante. Seja pelos temas polêmicos que opta por abordar, seja pela forma crua como o faz ou pela coragem de falar de assuntos impopulares, ele já ganhou seu lugar entre os grandes diretores europeus da atualidade.

Amor é um típico exemplar de seu estilo inconfundível. A abertura dá o tom do que está por vir ao longo de suas duas horas de duração. Policiais abrem a porta de uma casa para serem recebidos por um forte odor de decomposição e o silêncio de uma casa abandonada. Após uma breve busca, eles se deparam com a origem do cheiro que os agride. E, logo na sequência, vem o título. Os intelectuais de plantão encontrarão significado em cada fotograma exposto durante a projeção. O retrato da morte seguido da palavra amor pode ser interpretado como a tênue linha que separa duas realidades tão diferentes, porém interligadas. Em compensação, tal busca por mensagens ocultas nas entrelinhas são exercícios subjetivos de abstratismo. Não se pode impor ao espectador uma experiência pessoal que se tem ao assistir um filme. É preciso que cada um tenha a liberdade para decifrar sua própria visão sobre a obra.

Haneke realiza em Amor seu trabalho mais palatável e, por outro lado, mais angustiante e perturbador. Ao expor ao seu público o gradativo definhamento de um ser humano, o que se vê é o mais impiedoso retrato de uma vida que se aproxima do fim, mas não sem antes levar com ela a dignidade e a memória abrigada na mente daqueles ao seu redor. É uma realidade triste, desesperadora mas inevitável.

Anne (Emmanuelle Riva), depois de uma noite de alegria em que pôde testemunhar em primeira mão o sucesso de um ex-aluno de piano, acorda para demonstrar sintomas de que algo em seu organismo está fora da normalidade. Na próxima cena, vemos seu marido Georges (Jean-Louis Trintignant) contar para a filha (Isabelle Huppert) os detalhes que condenaram sua esposa a uma cadeira de rodas. Ele é a personificação da paciência e da dedicação. Ela se metamorfoseia em um rascunho do que um dia foi, até atingir um estado semi-vegetativo.

Muito do grande sucesso que persegue esse que é o grande favorito ao Oscar de filme estrangeiro desse ano se deve ao trabalho visceral e impecável da veterana Emmanuelle Riva. A transformação que sofre ao longo da jornada de sua personagem é arrebatadora. Seu olhar é mais expressivo que mil palavras e a forma como conquista a empatia de quem a assiste é uma façanha que poucas atrizes conseguiriam realizar.

Durante uma conversa entre o casal, o marido relembra a experiência catártica que teve ao descrever um filme recém assistido a um amigo. Em um dado momento, ele comenta que, durante sua explicação, percebeu que já não se lembrava da história que assistira poucos minutos atrás. Ele só se lembrava dos sentimentos que a mesma incitou em seu coração. Amor é um filme que realiza o mesmo. Independente do sentimento que se aflorar em quem assisti-lo, esta é uma obra que vale mais pelas emoções que desperta do que pela história que narra.