Bruce Springsteen – Wrecking Ball


Existem dois artistas chamados Bruce Springsteen. O primeiro é o astro pop que alcançou o estrelato com o rock engajado de grandes sucessos como Born in the USA. O segundo é uma alma perturbada, capaz de criar obras sombrias como Devils & Dust e The Ghost of Tom Joad. Devo confessar que tenho uma leve queda pelo segundo, melancólico que sou. Mas isso não significa que esse seu lado mais popular não possua seus encantos. Wrecking Ball, novo trabalho desse incansável roqueiro, é uma prova do talento de Springsteen para elaborar melodias envolventes e letras significativas.

O foco de sua ira, como não poderia deixar de ser, é a atual situação econômica que assola seu país, deixando vários à beira da miséria. E ele não faz questão de ocultar sua mensagem nas entrelinhas com frases de duplo sentindo ou analogias obscuras. Logo no título de cada canção, ele deixa claro quais são os alvos de sua revolta. We Take Care of Our Own, Easy Money, This Depression não são exatamente exemplos de sutileza. Já Death to my Hometown é uma nítida brincadeira com a saudosista My Hometown, do álbum Born in the USA. Só que a nostalgia dá lugar ao desespero ao perceber a decadência de algo que um dia marcou sua memória.

Springsteen sempre teve um relacionamento conturbado com a fama, pois tinha medo que o dinheiro que ganhasse compondo músicas sobre a classe média americana fosse distanciá-lo daqueles que supostamente estaria defendendo. Talvez por isso tenha sido tão enfático e direto em Wrecking Ball. No auge de seus 62 anos de idade, ele queria mostrar que, por mais dinheiro que tenha, ainda não perdeu seu olhar ácido para as injustiças da sociedade americana. E, com isso, mantém com orgulho o título de Boss.

Abaixo, fiquem com o primeiro single do álbum: We Take Care of Our Own.

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